sábado, 3 de novembro de 2018


- Nunca lhe serei suficiente, não vale a pena! Por mais que faça, que me estique, que me encolha, que fale ou que me cale, nunca, mas nunca lhe chegarei! – Afirmou Ana agitando veemente as mão no ar.
- não te entendo! – exclamou Rita, porque dizes isso?
- Porque sei, andamos nisto há tempo demais e já sei como ele é! Sabes!? – disse mais em tom de exclamação que de pergunta – as pessoas nunca mudam, são o que são e não vale a pena! Lembras-te daquela saída com o amigo? Pois é deu origem a mais duas amigas novas no face!
Rita abanou a cabeça e nem disse nada! Tudo o que pudesse dizer seria errado! Não era a primeira vez que esta coincidência acontecia e era sempre sinal de engates da noite. Como Ana costumava dizer , estava-lhe no sangue e não conseguia resistir, mas no fundo só acontecia porque verdadeiramente, nunca, tinha estado apaixonada por ela. E, Ana, sabia, era apenas gostar e não amar. Se ele verdadeiramente a amasse não precisava de andar na noite a fazer amizades novas. Rita sabia que no mínimo as novas amizades iriam dar em conversas pela internet e desta vez, não iria descobrir nada, pois Miguel já se tinha habituado a apagar todas as conversas!
Sempre que isto acontecia, Ana pensava se tinha feito bem em perdoar o que lhe tinha encontrado no telefone ou se, em vez de andar a morrer aos bocados, deveria de ter morrido de vez!
Era esta sensação de não ser suficiente qua a fazia triste1
- Que aconteceu? Que cara é essa estás triste? Aconteceu alguma coisa? – perguntou Miguel que entretanto chegou a guardar o telemóvel no bolso das calças.
- Nada, está tudo bem! – Disse Ana forçando um sorriso – Coisas de gajas! Nada de mais!
- Maria -

quinta-feira, 1 de novembro de 2018


Ele não vem hoje, vais ver! – disse Ana com um olhar de esperança no olhar que contrariava as palavras acabadas de pronunciar.
- Porque dizes isso? – perguntou Rita  enrugando o semblante!
- Se quisesse vir ter comigo não tinha ido sair até de madrugada! Logo vai estar muito cansado e vai dizer que não está em condições de fazer a viagem!– disse Ana encolhendo os ombros e abanando a cabeça fazendo com que uma mecha de cabelo lhe viesse parar ao rosto. Afastou o cabelo para trás da orelha e continuou, mais em tom de suplica que a responder à questão – não quer saber, o amigo das saídas noturnas está chateado com a  namorada e ele tem de aproveitar para sair até de madrugada e chegar bebido e a tresandar a tabaco, depois de se ter metido com meia cidade.
- Não digas isso amiga!
- É verdade, foi sempre assim e vai continuar a ser! Aqui a idiota é que tem a culpa! Ele nunca me enganou, nem nunca prometeu nada! apenas em regime de  time sharing, enquanto tem de estar em trabalho, em Lisboa!
- Não te desvalorizes! Por favor! – disse-lhe com as mão no ar em sua direção - Mas afinal queres que ele venda hoje ou não!
- Eu!- disse Ana, colocando dedo indicador da mão direita sobre o peito – Eu queria que ele se tivesse deitado cedo, que se tivesse levantado para ir fazer de filho perfeito para ao pé da mãe, mas sempre a pensar em vir ter comigo! Queria que tivesse saudades minhas! Que chegasse, me abraçasse e me dissesse que me ama! – sim era o que eu queria, mas não tenho! – disse por fim, baixando a voz e a cabeça para limpar a lágrima que teimava em cair do canto do olho.
- Sou uma idiota!
E, baixou novamente a cabeça por entre as mãos abertas e tensas.
- Não, não és, apaixonaste-te! – disse Rita em tom de conclusão!
- Pois não devia! Não tenho tempo nem tenho idade para estas merdas, disse por entre o soluço que não mais conseguia conter, na garganta seca!
Porque diabo a vida lhe era tão ingrata? A questão era sempre a mesma: o que tinha de errado? Perguntava-se, constantemente e vezes de mais, o que tinha de errado! Porque parecia que nada dava certo, que tudo na vida lhe era retirado, antes mesmo de o ter.
- Não tens nada de errado! – disse-lhe Rita, quase adivinhando o que lhe ia na cabeça – ele é que é parvo que não sabe dar valor ao que tem!
- Não, não é! Eu é que sou completamente idiota que o deixei entrar na minha vida e não devia! Devia de ter mantido a distancia como ele faz! Ser só um time sharing!
- E, tu grande como és lá conseguirias ser assim!!!
- Então não o devia de ter deixado entrar na minha vida.
A voz rouca e embragada suou em tom de desabafo. Mas a maior tontice, o que a fazia sentir mais desiludida, é que tinha acreditado. Pela primeira vez tinha sentido dentro de si que o olhar de paixão, as palavras sussurradas no momento da loucura, eram verdadeiras. E, afinal não era nada, era apenas ilusão. E, apenas a ilusão era perfeita!
- Maria -

  TEMPO (.) Sai desalvorada na rua Já ia atrasada E meia descabelada Na pressa de chegar depressa Passei o sinal vermelho Buzine...